“Acha que o amor pode salvá-los? Confia piamente no amor? Aquele amor que sempre te dará alegria, coragem, felicidade e animação? Tenho certeza de que também trará dor, ressentimento, tristeza, mágoa e desespero. E eles também vão ter forças para superar isso. Não é isso que é o amor?”.

Este é o trecho de um diálogo do episódio 5 de “It’s Okay, That’s Love”. É isso mesmo? Vocês concordam? Bom, talvez cada um de nós tenha definições e percepções diferentes, mas até que eu acho essa descrição do drama bem acertada, e garanto que define o que esse clássico é durante 16 episódios.

Exibido no verão coreano de 2014, “It’s Okay, That’s Love” é liderado por Gong Hyo Jin, Jo In Sung, Sung Dong II e Lee Kwang Soo, e além desse elenco conhecido, maravilhoso e entrosado, não lembro exatamente o que me levou a este k-drama. Mas tive a imersão nessa montagem russa de emoções provenientes do tal amor ambíguo.

<strong>Você não vai nem respirar direito no primeiro episódio de tanta coisa<strong>

De imediato, somos apresentados ao protagonista Jang Jae Yeol (Jo In Sung) e seu irmão presidiário, numa situação chocante para uma cena introdutória. Como alguém poderia ficar tão pleno caído no chão encarando seu irmão que lhe deu uma garfada no ombro? Esse mesmo homem é um popular escritor, famoso, rico, bonito, DJ de rádio. Por mais que haja certa estereotipação de como um escritor excêntrico seria, ele parece normal e parece ter tudo. Porém, como já diria Caetano Veloso: de perto ninguém é normal.

Já a médica psiquiatra Ji Hae Soo (Gong Hyo Jin) conhecemos na primeira cena como alguém descontraída que mora com dois amigos homens e pode até mesmo dividir a mesma maçã com um deles, seu mestre e médico veterano, Jo Dong Min (Sung Dong II). Mas ao mesmo tempo, essa mulher tem um trauma de infância que a impede de beijar confortavelmente seu próprio namorado. Hae Soo tem fobia de amor e sexo, o que sempre atrapalhou seus relacionamentos. O escritor DJ, a psiquiatra, o professor dela e o amigo com síndrome de Tourette conviverão juntos na mesma casa e aprenderão as dores e delícias de superar seus traumas e, assim, reencontrar uma autoestima que é abalada quando vivemos uma vida de limitações para o amor.

<strong>Um olhar do Jo In Sung cura qualquer um de qualquer fobia Reizinho sensual<strong>

O nome do drama, de certa forma, remete também diretamente ao trauma da heroína principal, que dá absolutamente tudo de si para salvar seus pacientes, enquanto não consegue tratar a si mesma. Digo “também”, porque “It’s Okay, That’s Love” nos fisga completamente com episódios frenéticos e intensos que oscilavam entre o romance (inicialmente) ácido dos protagonistas, as amizades, os casos psiquiátricos que surpreendem a cada paciente e a superação de seus transtornos mentais com o apoio do tal amor problemático e abnegado.

<strong>Sempre há esperança mesmo nos momentos mais sombrios diz a psiquiatra e essa história nos faz acreditar nisso a cada episódio <strong>
Jo In Sung e Do Kyung Soo

Do Kyung Soo (EXO) interpreta um quinto elemento bem importante em “It’s Okay, That’s Love” e estrela algumas das cenas mais angustiantes de todo o drama. Ficção costuma trabalhar com extremos para nos fazer entender suas ideias e conceitos. Foi uma experiência interessante rever a história já sabendo de grandes revelações para quem assiste pela primeira vez e refletir como a narrativa desta comédia romântica e melodrama é tão genial que nos absorveu na perspectiva de certos personagens, e assim dividimos com eles a sua “loucura”. Em alguns momentos, acreditamos também nas mesmas ilusões que eles. Isso é uma grande sacada para nos fazer entender como o outro se sente e julgá-lo menos. Como o próprio drama deixa claro, é essencial entender o paciente do ponto de vista dele.

“É por isso que gosto da psiquiatria. Quebra todos os preconceitos do mundo”

Quando assisti tudo isso, nunca tinha visto nada igual antes, seja coreano ou de outro lugar. São poucas as histórias positivas assim sobre transtornos psiquiátricos e saúde mental. Eu considero que existe uma Jéssica antes e outra depois de “It’s Okay, That’s Love”, e confesso que tive o medo que sempre tenho ao rever meus favoritos (este está no meu top 5) — o medo de não gostar como na primeira vez, de perder o encanto e perceber que foi fruto apenas do momento e época que assisti e que isso intensificou meu afeto. Será que era tão bom assim mesmo? Sempre penso nisso. Mas neste caso, era sim. Continua sendo, para mim, um clássico fundamental da lista.

“It’s Okay, That’s Love” não é um drama perfeito, tem lá seus clichês ou aqueles momentos de querer dar na cara dos personagens. Mas, da mesma forma, é uma série que eu indicaria para qualquer pessoa, não só para quem assiste dramas asiáticos. Até porque, que desperdício não dividir tanta utilidade pública ou cenas como a sequência maravilhosa do final do episódio 3, que se alguém não se apaixonar completamente pelo drama ali, bem, já não sei o que mais poderia.

<strong>O final do episódio 3 é TUDO PARA MIM <3<strong>

Por que será que eu o amo tanto? Seria por aquela direção de fotografia que tem closes irresistíveis no rosto do personagens, focando tanto neles, em suas expressões e sentimentos? Pelas atuações excelentes e a química entre o elenco? Será pela trilha sonora impecável e marcante? Pelas histórias emocionantes e casos representativos como o da mulher transgênero? Ou será pela coleção de chinelos de dedo de Jang Jae Yeol (Jo In Sung)? Ah, eu amo aquelas sandálias dele! Ou por que o dono das chinelas é lindo? Será pelo beijo cinematográfico da cachoeira? Sei lá, o jeito como todos ali eram (e ainda são) adoravelmente doidos e comuns é diferente. A resposta, tanto faz. Tudo bem, isso é só amor.

Enquete existe alguém com quem a Gong Hyo Jin não tenha química em tela

Assista a “It’s Okay, That’s Love” completo com legendas em português no Kocowa!

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2 Comments

  1. silvanarieke

    História sensível que nos remete um pouco à nossa própria história.Interpretações irrepreensíveis dos atores. Sua resenha é perfeita.

  2. silvanarieke

    Concordo plenamente com a sua resenha, aliás muito bem elaborada, sensível na descrição dos personagens e sensível nas suas próprias emoções, no mínimo corajosa.Eu me surpreendi com a elaborada abordagem do transtorno, técnico. E, chorei, não deu p segurar . É um pouco da história de todos nós.

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