Encerro agora um ano inteiro no KOCOWA, e estes são os dramas que estão no saldo positivo da saga de 2020 — que, todos sabemos, não foi um ano fácil. Mas os dramas estavam aqui por nós, todo esse tempo. A seguir, oito dos melhores dramas coreanos que passaram pelo KOCOWA em 2020 (por ordem de lançamento).

(“The Penthouse” não será incluído porque terminará em 5 de janeiro de 2021. Essa lista contém somente dramas que assisti completos. “Dr. Romantic 2” também não estará aqui, não vi a primeira temporada a tempo de ver a segunda. Mas ambos foram dramas de sucesso da SBS e estão entre as maiores audiências da TV coreana este ano.)

Stove League

Beisebol não é um esporte popular no Brasil. “Stove League” é o tipo de drama que normalmente nós, fãs brasileiros, não daríamos atenção. Mas imagino que muitos ainda assistiram na época de lançamento por estrelas como Park Eun Bin e Namgoong Min estarem no elenco. Essas pessoas foram sortudas, pois encontraram um excelente drama. Sucesso de audiência na Coreia, vencedor do Baeksang Arts Awards 2020 na categoria Melhor Drama (premiação mais importante do entretenimento coreano) e indicado pelo New York Times — nada disso é por acaso.

Centrado na época de reestruturação de times de beisebol — que se chama “hot stove” —, “Stove League” leva esse nome porque foca na liga dos bastidores, o time administrativo que não joga em campo, mas é fundamental para a vitória nele. Namgoong Min é Baek Seung Su, o novo gerente-geral do time Dreams que vai revirar esse lugar. E Park Eun Bin é a primeira mulher chefe de gestão nesse time.

Tudo bem se você não entende nada de beisebol, mas provavelmente entende de gente, e essa é uma história sobre pessoas superando o fracasso. Você vai conhecer um time que tem o sonho no nome, embora em todos os episódios tenha um pesadelo de problemas para resolver. E vai ficar preso em frente à tela porque você também passará a acreditar no mesmo sonho.

Sucesso de audiência, “Stove League” pode ter segunda temporada.

Os premiados do Baeksang 2020.

Nobody Knows

“Nobody Knows” é a história de uma investigadora consumida pela culpa que dedicou sua vida e carreira policial à busca do assassino da melhor amiga e de outras sete mulheres, mortas em série nos “assassinatos dos estigmas”. Mas não se engane, este não é apenas um suspense sombrio, pelo contrário. Apesar do tema pesado, é um drama muito acolhedor.

A veterana Kim Seo Hyung é a inspetora Cha Young Jin, uma policial competente que une forças com o professor Lee Sun Woo (Ryu Deok Hwan) para desvendar o mistério de um garoto que caiu do terraço de um prédio e todos acreditam ser suicídio. Todos menos eles dois. O adolescente Eun Ho é aluno dele, e amigo e vizinho dela. A relação fraternal entre ela e o garoto alimentará a determinação dela para salvá-lo.

“Nobody Knows” tem uma das melhores edições que eu já vi em k-dramas, os cortes e escolhas de “quando mostrar o que” nos instiga ainda mais a montar esse quebra-cabeças, manipulado por um dos melhores vilões de 2020. Surpreendente, com ótimo elenco, roteiro e direção, o drama vai até as raízes do fanatismo religioso e reflete sobre a influência de adultos dedicados e responsáveis que fazem toda a diferença em nossas vidas.

Find Me In Your Memory

A história de um homem que se lembra de tudo e uma mulher que esqueceu acontecimentos importantes da vida dela, uma jornada romântica sobre o lado doloroso das memórias, estrelada por Kim Dong Wook e Moon Ga Young. Mesmo aqueles que não são fãs de melodrama poderão amar a química excelente de todo o elenco.

Kim Dong Wook interpreta um âncora com supermemória, uma condição especial com a qual ele teve que aprender a viver. Como uma jornalista por formação, realmente apreciei a representação ética e responsável do repórter, o que raramente vemos em k-dramas. E Moon Ga Young está irresistível como a carismática atriz Yeo Ha Jin. Muitos não gostam do final, mas em meio a stalkers, uma mídia invasiva e lembranças dolorosas em comum, “Find Me In Your Memory” nos faz rir e suspirar muitas vezes, enquanto torcemos por um dos melhores casais de 2020.

Kkondae Intern

Park Hae Jin fez fama com personagens problemáticos ou psicopatas. Mas em 2020 ele provou, definitivamente, que tem um talento inegável para a comédia! “Kkondae Intern” é uma dramédia de escritório sobre o gerente de marketing Ga Yeol Chan, adorado em uma empresa alimentícia de ramyeon (miojo coreano) por ter melhorado significativamente as vendas. O que quase ninguém sabe é sobre seu passado obscuro como estagiário da concorrência. Esse passado vai voltar para atormentá-lo quando seu antigo chefe vira seu estagiário sênior, iniciando um bromance hilário de arqui-inimigos.

O termo coreano “Kkondae” se refere às pessoas antiquadas e teimosas que acham que tudo sempre deve ser do jeito delas e tentam impor aos outros suas ideias ultrapassadas. E, como aprendemos através do humor do drama, pode se tratar de pessoas mais velhas, ou não! Uma pitada de pimenta e romance, reviravoltas e a atuação de alto nível de Kim Eung Soo proporcionam o melhor trabalho de Park Hae Jin até agora.

Os momentos mais insanos e hilários de “Kkondae Intern”

Into the Ring

Uma designer desempregada decide se candidatar a vereadora por causa do salário. O quanto isso pode dar errado? Nada! Porque é a justiceira Goo Se Ra. Entrar neste ringue político é uma ótima escolha para você. Roteiro ganhador de um concurso, “Into the Ring” traz a força de um escritor novato que nos apresenta uma jovem adulta comum e desinteressada por política, mas que acabará fazendo de tudo pelo distrito dela. Definir este drama como uma comédia romântica é a tática perfeita para fisgar fãs brasileiros que encontrarão muito mais além de um casal maravilhoso.

Nana interpreta brilhantemente uma heroína tão ordinária quanto obstinada e é, sem dúvidas, uma das melhores protagonistas de 2020. Veja bem, ela te fará chorar por uma campanha eleitoral, algo que você talvez nunca fizesse na vida real. Inesperadamente genial perante a simplicidade da protagonista, “Into the Ring” é de utilidade pública. Uma aula divertida e didática sobre política municipal, e sobre como você pode mudar um pouco o mundo (no seu bairro). Goo Se Ra tem, e sempre terá, o meu voto.

SF8

“SF8” é uma das séries coreanas que esperei com altas expectativas e foram todas devidamente atendidas. Em um formato de antologia, em que cada um dos oito episódios traz uma história diferente, esta coletânea de ficção científica é cinematográfica. Dirigida por oito pessoas diferentes, cada história tem visual e textos únicos, ainda que haja uma sinergia entre todos os temas.

Robótica, inteligência artificial, realidade virtual, superpoderes, poluição ambiental, relacionamentos online, luto e desastres nunca pareceram tão próximos do nosso presente. Porém não de maneira desesperadora, já que a maioria dos contos tem conclusões esperançosas. Ao longo de todos os episódios com estrelas como Hani, Kim Bora, Choi Siwon e Lee Si Young, vamos do medo ao encantamento. “SF8” não te faz temer o futuro, mas te faz pensar no aqui e agora.

Do You Like Brahms?

O quanto você faria por um sonho? Até que ponto o talento nos define? São questões de “Do You Like Brahms?”, uma bela e romântica jornada musical sobre pessoas tentando encontrar a si mesmos. Ambientado no exigente mundo da música clássica, Kim Min Jae é o famoso pianista Park Joon Young, e Park Eun Bin é a estudante de violino Chae Song Ah, que começou tarde demais na carreira. Os dois músicos introvertidos se apaixonam enquanto enfrentam dilemas comuns a jovens adultos quase na faixa dos 30 anos.

Park Eun Bin entrega imensa delicadeza à personagem que, em um trocadilho do roteiro, tem um nome em coreano que soa como um pedido de desculpas. Kim Min Jae dá a profundidade ideal a um protagonista que sustenta uma família pobre endividada. “Do You Like Brahms?” é liderado por um jovem elenco afiado, que trabalha perfeitamente com a direção, seja para o romance principal de nos dar borboletas no estômago, ou para recriar com perfeição o desconforto e constrangimento de muitas situações adultas cotidianas.

4 k-dramas para conhecer (e amar mais) Kim Min Jae

Kairos

“O mundo não gira, ele capota”, é como eu definiria “Kairos”, uma das surpresas mais agradáveis que tive em k-dramas de 2020. Lee Se Young, Shin Sung Rok, Ahn Bo Hyun e Kang Seung Yoon estrelam um suspense temporal sobre um homem e uma mulher aparentemente não relacionados que passam a conseguir se falar um minuto por celular. O mágico é que se trata de uma ligação com um mês de diferença — ele um mês no futuro e ela no mês passado. A mãe de Han Ae Ri desapareceu, e a mulher e filha de Kim Seo Jin também, e assim eles tentam resolver todos os mistérios juntos. Mas em “Kairos” nada é o que parece ser, e será cada vez mais imprevisível, onde tudo sempre muda após mexerem no passado.

O enredo não é exatamente inovador, o drama “Signal” e o filme “The Call” (A Ligação) já usaram tramas semelhantes. Contudo, “Kairos” consegue ter a própria identidade refrescante. Não passa uma agulha em seu roteiro sem furos, por mais cheio de detalhes que seja. Han Ae Ri e Kim Seo Jin tem uma conexão bonita e redentora para ambos, nunca ficando piegas, mérito do roteiro e de atuações impecáveis.