Você sabe o que é “gender bender”? Talvez já tenha visto por aí o termo e não tenha entendido muito bem, né? Mas deve ter percebido que tem a ver com pessoas que se vestem e se comportam contrárias ao seu gênero original. Não, não são pessoas trans! São apenas personagens que fazem “crossdressing” ou que naturalmente deixaram que outros acreditassem que elas são o que aparentam. Mas nem tudo é o que parece! Recentemente, “The Tale of Nokdu” trouxe esse tipo de k-drama de volta, de um jeito até inovador. Então, vou dividir com vocês o que é “gender bender” e por que eu adoro esse tipo de história.

<strong>Yoon Eun Hye em Coffee Prince<strong>

“Gender bender” quer dizer literalmente “dobrador de gênero” ou “flexionador de gênero”, algo que foi subvertido — neste caso, a identidade de gênero da pessoa, seja masculina ou feminina, rompe com os padrões vigentes de comportamento social para aquele gênero. Esse tipo de história não é nada recente, existe desde Shakespeare, com seu “Noite de Reis”, de 1623, e desde o milenar conto chinês sobre a guerreira Mulan. Popularizou-se na Ásia primeiro através das histórias em quadrinhos japonesas (mangá) e coreanas (manhwa), até chegar nos dramas de TV e ter sido uma febre no final dos anos 2000 e início dos anos 2010.

<a href=httpswwwkocowacomseriesthe tale of nokdu2308902> <a><strong><a href=httpswwwkocowacomseriesthe tale of nokdu2308902>The Tale of Nokdu<a><strong><a href=httpswwwkocowacomseriesthe tale of nokdu2308902> <a>

Dentre esses dramas populares, tivemos diversas protagonistas “tomboy” — mulheres se vestindo e se comportando como homens — clássicos como “Coffee Prince”, “You’re Beautiful”, “Secret Garden” e “To The Beautiful You”. Por isso eu disse antes que “The Tale of Nokdu”, baseado num webtoon (história em quadrinhos online), é relativamente inovador na dramaland, já que traz um protagonista homem vestido de mulher e num drama de época. E mesmo com uma ambientação em outro momento histórico, ele consegue ser tão dinâmico e divertido quanto seus antecessores da década passada.

Por mais tosco que esse tipo de história possa parecer para um não familiarizado com dramas asiáticos, eu acho muito engraçado acompanhar os mal-entendidos e consequências da escolha do “disfarce”. E isso é diferente em cada um dos clássicos que citei.

<a href=httpswwwkocowacomseriescoffee prince632366><strong>Coffee Prince<strong><a>

Em “Coffee Prince”, temos uma protagonista pobre que trabalha demais para sustentar mãe e irmã mais nova. Go Eun Chan (Yoon Eun Hye) não cuidou de sua aparência, e, com seu cabelo curto e roupas despojadas, é constantemente confundida com um homem, o que se torna útil para ela conseguir empregos e não sofrer assédio sexual e moral nos trabalhos. Até que Eun Chan usa isso para conseguir e manter um emprego como príncipe de um café, e assim enganar nada mais, nada menos, do que o Gong Yoo (sim, aquele mesmo que fez o semideus, o poderoso Goblin). 

De todos, este é o meu favorito, porque além de ter um elenco afiado e uma química de sair faíscas entre o casal, “Coffee Prince” trouxe em 2007 um debate sobre liberdade corporal e sexual da mulher, além de abordar a bissexualidade e aceitação dela, por meio de seu líder masculino, Choi Han Gyul (Gong Yoo desde sempre ousadíssimo).

<a href=httpswwwkocowacomseriesyoure beautiful598367><strong>Youre Beautiful<strong><a>

“You’re Beautiful” levou isso para uma história musical e de ídolos, quando a freira Go Mi Nyeo (Park Shin Hye) finge ser seu irmão gêmeo numa banda de rock de garotos. Nesse, eu achava a caracterização forçada, mas mesmo assim é o meu “guilty pleasure” do coração, porque vocês precisam entender que é impossível não rir de Jang Geun Suk neste k-drama, ou que não dá para não amar e querer proteger o Jeremy (Lee Hong Ki).

<a href=httpswwwkocowacomseriesto the beautiful you632300><strong>To The Beautiful You<strong><a>

Em “To The Beautiful You”, adaptação coreana do mangá japonês “Hana Kimi”, tivemos mais ídolos, de verdade, mas interpretando estudantes. Foi o último trabalho da cantora Sulli como fixa num drama (até ela reaparecer agora, sete anos depois, numa participação em “Hotel Del Luna”). Goo Jae Hee (Sulli) se disfarça para entrar numa escola apenas de meninos, onde seu atleta ídolo Kang Tae Joon (Choi Min Ho) estuda. Será que ela elevou o nível stalker de uma fangirl?

<a href=httpswwwkocowacomseriessecret garden583884><strong>Secret Garden<strong><a>

“Secret Garden” é o único deles que usa da fantasia, quando a dublê empoderada de Ha Ji Won e o CEO insuportável de Hyun Bin trocam de corpos e precisam lidar com as vidas tão diferentes um do outro. Aqui, o homem e a mulher não escolheram isso, foi um acidente totalmente fora do comum e da realidade que os obrigou a literalmente trocarem seus gêneros. O começo do drama é lento, mas digo que vale a pena esperar para ver a “magia acontecer”, porque é hilário!

<strong> Hyun Bin como Gil Ra Im = tudo pra mim <strong>

“The Tale of Nokdu” não foi o primeiro com um homem num papel de mulher — Hyun Bin de alguma forma o fez, agora vocês sabem — e nem foi o primeiro sageuk, que na verdade foi o “Sungkyunkwan Scandal”, mas esse sendo outro que a mulher, uma jovem Park Min Young, se disfarça de homem para entrar numa universidade com o nome de seu irmão.

<strong>Sungkyunkwan Scandal<strong>

Sejam quais forem as razões e o quanto a caracterização de cada um é convincente, ou não, acho que eu nunca vou parar de rir de vergonha alheia com essas histórias. Contudo, são enredos que em meio a comédias sem noção nos dão a chance de refletir sobre as limitações e as possibilidades de cada gênero. Além de todos os citados aqui, sem exceção, falarem sobre o lugar da mulher e seus problemas sociais. Dramas que incentivam homens e mulheres a ultrapassarem barreiras e criarem relacionamentos mais livres e justos.

Muitos k-dramas citados aqui estão disponíveis no Kocowa e alguns já com legendas em português. Até logo! 🙂

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