No início do documentário “Inside the Films of Bong Joon Ho”, ouvimos o trecho de uma entrevista do cineasta Bong Joon Ho e do ator Song Kang Ho durante um programa de rádio em 2017, em que o locutor diz: 

“Mas, na minha opinião, se um diretor do nosso país for vencer um Globo de Ouro ou um Oscar, você não seria o primeiro? Não é a possibilidade mais plausível?”.

Joon Ho, humilde, diz que não sabe dizer, que era estranho e até um fardo pensar assim antes de isso acontecer. Adoro histórias assim, e essa previsão muito certeira é só um dos muitos momentos que encontramos nesse documentário de 53 minutos.

Bong Joon Ho quebrou diversos recordes com seu último filme, Parasita, ao levar para casa as principais estatuetas de Cannes, Globo de Ouro, SAG, Oscar e tantas outras premiações que se renderam completamente ao trabalho do diretor, uma lista que mal caberia aqui. A vitória mais impactante foi, sem dúvidas, Melhor Filme no Oscar 2020, tornando-se o primeiro filme em língua não-inglesa a receber tal prêmio (Essa redatora que vos fala nunca esquecerá o choque, a surpresa e a alegria que foi esse momento para os fãs do cinema coreano em todo o mundo).

Riquíssimo em prêmios
Mas vocês realmente conhecem Bong Joon Ho?

Em “Inside the Films of Bong Joon Ho” descobrimos que ainda há muito para saber sobre a mente criativa e carreira do cineasta coreano, que tem uma história de trabalho duro e persistência. Conhecemos fatos mais pessoais do diretor de Parasita, como o de que ele se graduou em sociologia, participou do clube de cinema na faculdade e estudou cinema apenas mais tarde, o que me fez refletir e entender bem melhor sua obra — a crítica social é um aspecto recorrente na filmografia de “Bongtail”, a influência de sua formação acadêmica é perceptível. 

Espera aí, “Bongtail”?

Isso mesmo, é o apelido dele que junta seu nome com a palavra em inglês “detail” (detalhe), e no documentário ouvimos explicação disso até pela atriz Tilda Swinton, que trabalhou com Joon Ho em dois longas, Expresso do Amanhã e Okja, e se declara uma fã do diretor. Vemos em “Inside the Films of Bong Joon Ho” o cineasta detalhista durante as gravações de Expresso do Amanhã, Mother, O Hospedeiro e também quando ele filmou seu primeiro sucesso, Memórias de um Assassino, de 2003, filme que marcou o surgimento da parceria de quase 20 anos com o ator Song Kang Ho. Aprendemos sobre seus fracassos, como o primeiro longa Cão Que Ladra Não Morde, estrelado por ninguém menos que Bae Doo Na, mas que em 2000 não foi bem recebido pelo público.

O primeiro curta do diretor White Man tem muitas histórias curiosas por trás

Bong Joon Ho quase desistiu da carreira no cinema e trabalhou por anos em empregos de meio período, sendo até videomaker em casamentos (o trecho dele contando isso é bem engraçado). Ele queria ser diretor de filmes desde os seus 16 anos, e as famílias dele e de sua esposa aceitaram isso. Enquanto eu assistia ao documentário tive um sentimento de gratidão às famílias, às pessoas que trabalharam em seus filmes e acreditaram nele, aos atores com depoimentos de admiração, e me senti grata pelo próprio Bong Joon Ho, que não desistiu de seu sonho e nos contempla até hoje com sua arte. 

Assista ao documentário “Inside the Films of Bong Joon Ho” com legendas em português no KOCOWA e se encante também pela história e personalidade do criador de Parasita.

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