Eu quero conversar com o Lee Dong Wook, quero ser entrevistada por ele. Quero sentar naquela cadeira ao lado do ator enquanto ele me pergunta solenemente qual foi o momento mais memorável da minha vida, e quero um dia ser tão incrível quanto as pessoas que ele entrevistou e perguntou isso e muito mais, na maravilhosa primeira temporada do talk show “Because I Want to Talk”.
Divertido, inteligente, sensível. Se você anda entediado com k-dramas e eles não têm te emocionado o suficiente, recomendo muito este programa coreano em que aprendi tanto e terminei todos os episódios chorando por todas as histórias de vida singulares que conheci. Ao longo de 12 episódios, o agora apresentador de talk show Lee Dong Wook realiza o seu sonho de conversar com os mais diversos tipos de pessoas, e a melhor parte é que ele dividiu isso conosco e conhecemos dez personalidades totalmente diferentes entre si, únicas no que fazem e muitas vezes inspiradoras.
Não se limite apenas aos episódios com celebridades mais conhecidas por aqui como os dois primeiros episódios com o ator Gong Yoo (que comentei aqui) e os dois últimos com a cantora BoA, que também são maravilhosos, mas são só uma amostra de tudo que o programa pode nos oferecer. Do primeiro ao último episódio, “Because I Want to Talk” é uma aula sobre a Coreia do Sul e outros temas que você nem poderia imaginar aprender ali. Entre os meus episódios favoritos estão as entrevistas com o jogador profissional de baduk Lee Se Dol, o médico legista Yoo Sung Hoo e a boxeadora Choi Hyun Mi. É isso mesmo, o programa te leva de um tabuleiro de Go até um necrotério de medicina forense e um ringue de boxe. Eu amo aprender sobre os mais diversos assuntos, então foi um prato cheio!
Todo o universo de baduk já me é fascinante, é impossível não se encantar pelo jogo asiático após assistir ao drama “Misaeng” (“Incomplete Life”). Mas Lee Dong Wook e Lee Se Dol levaram meu fascínio a outro patamar, nos fazendo conhecer melhor um dos melhores jogadores da Coreia e do mundo — ele é a única pessoa no planeta que até o momento conseguiu vencer um IA (inteligência artificial).
Você vai se sentir numa série CSI no episódio com o professor e legista há 20 anos Yoo Sung Hoo, vencedor de todos os 100 processos que participou contra crimes bárbaros, entre outros dados surpreendentes que ele divide no programa (como a idade biológica e genes raros do Lee Dong Wook) que parecem ficção, mas é realidade. Eu que tenho dificuldade de assistir esportes mais brutos, saí do episódio com a boxeadora Choi Hyun Mi completamente fã dela e a seguindo nas redes sociais, querendo ver as lutas dela e torcer de agora em diante. A história da atleta é tão impressionante que espero um dia a Coreia fazer um filme sobre.
Conhecemos personalidades que são quase um patrimônio cultural coreano, como o político Park Jie Won, um senhor divertido de 77 anos que é conhecido no país como um vidente político, e a monja temperamental e cozinheira Jeong Kwan, que ficou famosa mundialmente ao mostrar a culinária de templo budista coreano na série documental “Chef’s Table”, da Netflix.
Mesmo os episódios com dois homens que não exatamente são os melhores no que fazem são inspiradores. Traz uma certa paz a história do comediante Lee Soo Geun, de que você não precisa ser o mais famoso no que faz para ser feliz e reconhecido. E você vai se surpreender com a pessoa carismática que é o cineasta Yeon Sang Ho e com a história de como o sucesso de seu filme Invasão Zumbi foi praticamente acidental e inesperado, para ele que é um profissional multitalentoso em vários formatos e mídias, além do cinema. Sang Ho nunca se imaginaria como um criador de blockbusters, e nem nós depois de o conhecermos melhor.
Quando a atriz Kim Seo Hyung ficou sem palavras em sua entrevista, eu fiquei também, mesmo que tenha dado gargalhadas antes com a leveza da veterana que alcançou um reconhecimento tardio em “Sky Castle”. Todos os episódios tem curvas narrativas e auges dramáticos, quase como um drama mesmo, por isso ao final de tantos eu estava em lágrimas. Rimos e aprendemos muito ao longo de 1 hora de duração, entre entrevistas no estúdio e externas especiais, mas “Because I Want to Talk” sempre deixava os assuntos mais espinhosos para o final do episódio.
Aliás, eu preciso elogiar toda a produção do programa, Lee Dong Wook conseguiu as pessoas certas para trabalhar em conjunto. A qualidade do programa não seria a mesma sem a ótima seleção de convidados, a edição perfeita de vídeo e, pelo amor dos deuses, sem JANG DO YEON!!! Desafio você a sair de “Because I Want to Talk” sem se apaixonar totalmente pela comediante. A SBS não estava brincando quando disse que ela e Dong Wook seriam uma dupla perfeita como Sherlock e Watson. É verdade!
Lee Dong Wook fez todos os seus convidados se gabarem de suas poltronas no quadro “Flex talk”, mas agora ele é a pessoa que mais deveria se gabar por ter criado um dos melhores talk shows que eu já assisti.