No final do mês passado, eu falei das novas novelas diárias que chegaram ao KOCOWA e que pela primeira vez estão sendo transmitidas aqui no Brasil através de um streaming. Uma delas é “Brilliant Heritage”, a que pessoalmente mais me chamou a atenção para assistir, e estou acompanhando todos os dias, de terça a sábado, desde os primeiros episódios. E eu não poderia ter feito uma escolha melhor para trazer leveza e alegria aos meus dias. Vou explicar por quê.

Brilliant Heritage
As duas famílias juntas

“Brilliant Heritage” tem três protagonistas principais e é a história de Gong Gye Ok (Go Na Eun), Boo Sul Ak (Shin Jung Yoon) e Boo Young Jae (Park In Hwan), este último, o patriarca de todo este drama familiar e o dono da tal “herança brilhante” do título (em tradução livre). A família rica é a Boo, formada pelo pai de 80 anos, Boo Young Bae, e seus quatro filhos homens, o mais velho Boo Baek Doo (Kang Shin Jo), Boo Geum Kang (Nam Sung Jin), o protagonista (lindo) Boo Sul Ak (Shin Jung Yoon) e o caçula Boo Han Ra (Park Shin Woo), além de duas noras e quatro netas.

No outro lado menos abastado está a família de Gye Ok, formada por ela, sua mãe, a irmã (insuportável) e o sobrinho adolescente. Nossa heroína perdeu o pai muito cedo, amadureceu logo e dedicou a vida a sustentar sua família. Ela é uma aprendiz de açougueiro e entregadora de carnes conhecida num grande mercado de alimentos, querida pelos colegas por sua simpatia e carisma que, eu te garanto, também vão te conquistar. Gye Ok é a típica protagonista de novelas que tem uma vida difícil, mas é sempre positiva e otimista, com um sorriso no rosto.

O conflito de “Brilliant Heritage” gira em torno da herança do título. O senhor Boo quase morre de um infarto e, num dos poucos momentos fantasiosos do drama, seu espírito fora do corpo assiste aos filhos brigando por sua herança. Uma situação bem absurda, já que a história vinha se baseando totalmente na realidade, menos nesse trecho de quase morte do idoso, em que vimos até um Ceifador! Foi um surto muito aleatório, mas divertido, para mostrar como aquele senhor teria toda uma desilusão a respeito de sua família e a visão que tinha dela, pela qual ele tanto se dedicou em uma vida inteira de trabalho árduo. E, por isso, o Sr. Boo vai decidir encenar um casamento falso com uma mulher quase 50 anos mais jovem, apenas para fazer a família ingrata dele passar raiva e nervoso por medo de perder um grande patrimônio.

Sou completamente apaixonada pelos três principais, que trio! O senhor Boo é impagável e de um humor rabugento que vai te tirar muitas gargalhadas. Você vai se encantar pela história de vida dele, um desertor da Coreia do Norte que abriu um restaurante de naengmyeon (macarrão frio), e em metade de sua vida criou os filhos mais novos praticamente sozinho, já que sua mulher faleceu depois do último filho. 

O filho do meio, Boo Sul Ak, foi o único que criou uma carreira sem se apoiar no dinheiro do pai. Nosso mocinho protagonista é um pai solteiro, algo que raramente vemos em novelas coreanas, mas tem sido mais frequente agora, e a filha adolescente dele é uma das melhores personagens da novela, esperta e sincera, ela tem várias sacadas e falas geniais que vão te fazer rir. Isso enquanto nos apaixonamos pela dualidade do pai dela, um homem que várias vezes parece apenas arrogante e indiferente, mas logo no início percebemos que ele também é alguém justo e dedicado. Seu jeito de nerd certinho e exigente contrasta com um lado mais fofo e desajeitado de alguém que tenta fugir de Gye Ok, mas acaba sempre a protegendo e se encantando mais ainda pela heroína.

Amo um casal

Não pense que “Brilliant Heritage” é uma história com personagens planos e apenas “câmeras paradas” porque se trata de uma leve novela diária. O drama não depende só de um humor exagerado, ele tem também situações em que vamos rir das ironias da vida real, e conta com momentos reflexivos e diálogos afiados, como as muitas brigas que Sul Ak tem com o pai. Ou como uma das minhas cenas favoritas do drama, quando Gye Ok sofre um golpe financeiro e vai parar na ponte do rio Han pensando em se jogar, mas não consegue e diz ao telefone para a melhor amiga: 

“Se as coisas se resolvessem após eu morrer, eu morreria. Mas não comprei seguro de vida. Minha família pagaria o funeral. O que faz eu me sentir miserável é que tenho medo de morrer. Estive no fundo do poço durante toda a minha vida, mas não faço ideia de por que eu queira viver nesse estado. Seria injusto acabar minha vida desse jeito”. 

Foi uma fala emocionante

O que mais gosto na versão da “mocinha sofredora” de “Brilliant Heritage” é a peculiaridade do trabalho dela, ao tê-la em uma profissão bruta, associada a homens e à força física neste mercado de carnes coreano, que tem todo um cardápio e tipos de preparo de carnes diferentes do nosso brasileiro. A atriz Go Na Eun dá vida a um tipo mais atual e nada estereotipado da mulher tomboy.

A sinopse de “Brilliant Heritage” conta praticamente um quarto (¼) da história, já que somente agora, após mais de 20 episódios, que a questão do casamento de mentira começa a aparecer. Mas saber disso antes, durante 20 capítulos, não afeta em nada a experiência deliciosa de assistir as vergonhas alheias da família Boo e ver os encontros e desencontros hilários de Sul Ak e Gye Ok, um casal que mal começou, porém já traz todos os clichês de comédia romântica que amamos, como skinship acidental (contato físico). E o que ainda virá, como o casamento (falso) de Gye Ok com o senhor Boo, pai de Sul Ak, que vai abalar a relação do nosso ship, embora, com certeza, também os aproximará. E eu mal posso esperar para ver isso, a semana inteira, com a minha trilha de música trot coreana favorita.

Essa OST é tudo pra mim!

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